sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Paz



Por breves segundos as palavras
abraçaram-me silenciosamente
O tempo e os desejos ficaram suspensos
O espaço tornou-se infinito
E eu percebi a leveza do ser
como algo sustentável

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O olhar do meu peito




O meu peito dói tanto, que me impede de respirar fundo. Foi invadido por uma tosse de frio e chuva, mas, sobretudo, pelo acumular de outras dores, nascidas das infinitas possibilidades de amar, que deixo ficar presas no vazio da ausência. 

Mas as dores do peito não se veem, nem impedem os sorrisos. O meu sorriso constante, feito do entusiasmo e alegria, não abafou o pedido de socorro do meu olhar, esse grito mudo, que tu soubeste ler. Por isso, propiciaste a coisa mais absolutamente necessária: as lágrimas!
O choro é como a criação de um espaço e um tempo novos, uma transfiguração em mar solto, em cada onda repetido e renascido.
A tua voz meiga ecoou no meu peito, embalou-me e abriu-me para a verdade, que ainda não consigo partilhar. 

É curioso como foste exatamente tu, meu amigo desconhecido, trazido pelo vento Norte, que te atravessaste na minha dança da desventura e me deste a mão para eu não me desfazer contra os muros no meu voo doido. É que tu não me conheces, não sabes mesmo nada da minha história, não tens dados, pois eu decidi calar para o mundo qualquer lástima. 

Quero antes saborear a alegria das coisas simples, contribuir para o desenvolvimento moral, ajudando a integrar e considerar mais e mais perspetivas nas decisões; quero ser sobretudo um raio de luz, que nos una, à imagem de Jesus.

Deverá ter sido a tua própria experiência de dor, que te capacitou para o reconhecimento da dos outros ou, então, porventura, a música da tua viola brilhou de um jeito especial no teu coração e deu-te a graça de me envolveres com palavras tão sinceras e acolhedoras. Obrigada, querido amigo.