terça-feira, 20 de maio de 2014

Nem sei ao certo por onde começar



 Terra, 20 de maio de 2014

Meu querido amor:

Nem sei ao certo por onde começar. É que eu não te conheço, não passas de um desejo. Mas já vivemos tanto, tanto um com o outro que, quando eu te encontrar, um dia, na rua, assim, inesperadamente, não será preciso sequer falarmos, pois as nossas células têm inscritas maravilhas.

Ainda estamos deitados no barco de madeira, sem saber para onde o rio nos guia… Ocorre-me a imagem dos teus cabelos castanhos e ondulados, o calor dos lábios… Os meus dedos neles, sentindo-te.

Ainda não vi o teu olhar. Aguardo, entre sorrisos, o seu brilho profundo, que me atrairá para debaixo das laranjeiras, na praia, onde as longas e sensuais carícias da nossa união suspenderão o tempo breve.

Vou saborear os teus beijos de pêssego e deixar-me amarrar com poesias. Vou cantar com todo o meu corpo a felicidade de estar contigo e pintar-te com chuva e flores até ficar sem forças.

Quero criar contigo a sabedoria de dar graça às desventuras. Leva-me a passear pela difícil e aliciante aventura de conhecermos e agirmos bem onde for preciso. 

Depois, um depois que já é antes, porque o meu peito já se entusiasma… Depois, haverá o prazer de te aceitar! Ai, como será bom tudo ser de menor importância que o nosso amor sem condição. Não teres de ser outro em nada, porque já és mais que tudo para mim. E, então, não haverá julgamento algum. Será esse o nosso pedaço do paraíso. 

Sinto a tua falta, pois não te posso respirar, não te falo da beleza dos dias, não temos as pequenas grandes alegrias de vivermos em conjunto.

Começo a ficar perdida, já sinto saudades tuas, meu amor, meu tesouro.

Faz qualquer coisa que me desperte, me acorde desta cegueira profunda. Eu sei que a partilha do afeto me fará dançar para ti e para o mundo em rodas vivas.

A tua,

FloR