quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Não caibo em mim

"(...) receio começar a compor para poder ser entendida pelo alguém imaginário (...)"






















Terra, 27 de Agosto de 2014


Querido amor:

Sabes, não caibo em mim de felicidade, invade-me esta alegria imensa de te maravilhares tanto comigo como se fosse estrela.

E eu apenas liberto no campo um cavalo selvagem, nascido duma dança ao luar. Adoro correr para ti, trespassando toda a matéria, atraída pela tua força de leão.

Deslumbra-me o teu cabelo desalinhado, o toque profundo do teu olhar brilhante, a verdadeira serenidade da tua boca.

Há uma eternidade contida em cada momento nosso, que supera o estado físico e nos lança nas folhas secas. E, por isso, surgem nelas desenhos misteriosos para serem desvendados pelos mais entusiasmados, durante os sonhos.

Sentimos uma necessidade absoluta de voarmos vigilantes pela madrugada, em busca das correntes escondidas no quotidiano do mundo. Desfazemo-las com a magia dos sons inventados em noites puras, que depois se impregnam nas flores das laranjeiras.

Entranha-se a vitalidade do seu perfume nos homens e mulheres ocupados, apagados, absorvidos pelo tempo. E dão por si, doidos, em rodas de transe, onde o toque das suas mãos afasta os medos e as dores, gerando novas vidas.

Então, meu amor, faz a travessia desse espaço desconhecido e alcança-me no fundo do mar, na praia das laranjeiras, agora, e leva-me a passear na lambreta. É que eu tenho sede de ti, de te cheirar como existente, força-raio, sol e chuva.

Não estranhes o meu sorriso, pois vejo-te em tudo, em toda a parte te respiro, encantada e leve, enquanto te aguardo. E, se assim já estou contigo, é apenas para me agarrar a ti e não à possibilidade de te abraçar, é para permanecer no teu peito, ouvir a poesia dos teus olhos, e ter a certeza de que sinto as tuas palavras sábias e boas envolverem-me em beijos, que te peço para te revelares.

A tua

FloR