quinta-feira, 4 de abril de 2013

Se fôssemos Deus




Se fôssemos Deus e decidíssemos criar o universo, fá-lo-íamos sem o mal em todas as suas vertentes: evitaríamos a morte, a dor, a ignorância, o ódio. Seríamos todos eternamente saudáveis, sábios, amigos. 

E sendo assim, o que haveria para fazer? A nossa existência está tão centrada no combate ao mal ou, visto de outra perspetiva, na procura da perfeição, que se torna muito difícil conceber o que seria a vida sem essa luta.
É estranho, mas não consigo pensar em nada para fazer no paraíso, pois é como se deixássemos de ter necessidades, sendo portanto inútil, qualquer ação. E essa inatividade cheira-me a morte.
Nem sei como conseguiríamos conciliar o prazer do nascimento de uma criança sem a morte dos mais idosos. Onde caberíamos todos? A ausência da morte implicaria a anulação de outros nascimentos, a não ser que se encontrasse uma forma de existência sem matéria.

Será um grande mistério conseguir criar um paraíso deveras aliciante, onde a vida faça sentido. Estou de tal forma entranhada nesta vida terrena, que me parece impossível imaginar outra sem ser a partir desta. Mas a vida há-de ser muito mais perfeita, esplendorosa, cativante noutras esferas, para além da nossa.

Espero sinceramente que Deus seja essa entidade superior, capaz de coisas infinitas. Isso seria uma coisa magnífica.

Mas, não deixará de ser também maravilhoso saber viver esta vida, aqui, descobrindo que o ágape nos dá pedacinhos de felicidade.

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