sábado, 13 de julho de 2013

O limite



Querida, Inês:

Vias no teu amado o voo dos pássaros, mas as tuas asas foram progressivamente cortadas com os seus limites decorrentes dos seus medos, das dores, do autismo. Vives com um homem que não tem condição para te fazer sentir amada, por muito que ele te ame. Aceita isso, pois trata-se de uma doença de interação pessoal e não da sua vontade.

Tens os dias preenchidos com esperas de encanto, de surpresas, de sedução, de encontro, mas a tua vida parou nesse tempo adiado.

Querias o milagre de seres a luz que despertaria nele a iniciativa para criar um mundo novo contigo, mas a tua paciência sem fim não chega para resolver tão complexo problema.

Esmeraste-te em diálogos sobre a mudança, diários de desilusões e de deliciosos desejos, listas de questões detalhadas acerca da clarificação do que são e querem ser um para o outro, que nunca apagaram a esmagadora rotina do vosso relacionamento.

Deixaste de chorar, tão apagada que estás. Acabaram-se-te as forças, a raiva, a revolta e ficou apenas um espaço vazio, silencioso, perdido, onde já não cabem promessas.

Puseste tu igualmente limites, na ânsia de provocar o desejo da aproximação, mas foram defraudadas as tuas expetativas, ficando o teu pássaro caído, sem ânimo algum para vislumbrar as portas da gaiola.    

Chegou o momento de estabeleceres o limite a ti própria. Não te envolvas em mais desculpas; tens de escolher como queres viver. Ouve uma música tribal, que te faça descer à terra e sentir o céu, e faz a dança da despedida de ti própria para renasceres do fogo e dares à luz um novo amor na tua praia das laranjeiras

Decide muito bem quem queres amar, pois não fará sentido lamentares-te pelo afeto que não receberes e pelo que não deres; tens força, criatividade, inteligência, e capacidade de entrega suficientes para fazeres maravilhas.

Reza, minha estrela. Aceita que tens de pedir ajuda, ainda que isso para ti não seja do plano do entendimento. Chegou também o momento de sentires a Sua presença.

Para com as acusações, as lamentações, o desespero – são raios de morte, que apagam o brilho da vida. Luta com amor para seres amada. Expressa o teu afeto clara e simplesmente para que o teu olhar voe e encontre o calor da paixão.

Com amor,

Flor

PS: O humor pode transformar os erros em alegria e a água transporta magia.

Sem comentários:

Enviar um comentário