segunda-feira, 14 de abril de 2014

Sombras



Teu corpo pesa, pende no começo do dia
Levanta-se e fica atónito ante a minha presença
E cai abrupto sob o meu voo em lua

Ergues-te, buscas-me, rodopiamos
O toque das mãos incendeia-nos as veias
E alenta-nos, entusiasma-nos até nos perdermos

Mas eu não caibo dentro de ti, meu amor
Explode em mim um pássaro azul
E queima a minha água a tua sede

Tu sucumbes no obscuro caos da terra
De onde nasce o meu anjo iluminado
Desfeito em penas para renascer mulher

Eu tenho o poder universal de Eros
Aproximo, uno e multiplico as espécies, os fluídos
E tu comigo ficas outro, pesado e só

Guardemos em paz este etéro encontro
Onde os nossos sublimes sonhos bailaram
E confiantes saibamos ainda germiná-lo além