Enuncio alguns aspetos fundamentais que eu preciso de encontrar no meu amado para ficar sua cativa e nos podermos efetivamente ligar. Trata-se assim de saber o que mereço ter na minha vida para ter uma relação muito boa, excecional, a relação que eu quero, e não uma coisa rotineira e apenas suportável.
- Tem uma sede incomensurável de toque e de olhares.
Tem um desejo diário, tão natural como a respiração, de tocar e ser tocado. É ternura, delicadeza, intensidade. É mimo, aconchego, colo… São beijos, desenhos feitos na pele com os dedos ou qualquer outra parte do corpo, como uma dança. São carícias, que não têm necessariamente de ser preliminares, mas entram em mim até às células e, por isso, nutrem-me de forma sublime.
O olhar é silencioso, mas revela-me tudo. Abre o meu sorriso e/ou desperta algumas lágrimas, pois faz o mundo rodopiar à nossa volta, sobretudo se acontecer com música. Durante e após este olhar, sente-se uma conexão profunda, que as palavras não atingem.
A sua alegria e simplicidade têm uma graça natural.
- Faz amor comigo envolvendo-me.
Entrega-se todo sem reservas. Explora o meu corpo com erotismo e aprecia a criatividade, levando-nos ao êxtase, sem outras pessoas a participar. O tempo e o espaço ficam suspensos, tanto quando nos envolvemos plenamente, como quando fazemos das carícias a luz que acalenta os nossos pequenos grandes momentos do dia. Estabelece comigo uma intimidade sem medos, sente prazer em dar-me prazer, criando uma conexão de almas, que conduz a uma paz única, plena e me torna sua.
- Expressa verbalmente o seu afeto por mim.
Diz-me de diversas formas que me ama: quando me dá os bons dias e quando deseja bons sonhos, quando me segreda “Amo-te!”, quando me envia fotos, músicas, mensagens sem razão nem porquê que não seja o de desejar ligar-se a mim, quando me revela os seus desejos e preocupações ou conta as mais simples coisas do seu dia. Fala-me do que aprecia em particular em mim, fazendo-me sentir especial.
- Sabe comunicar comigo.
Sabe que comunicarmos é essencial e será a fonte do nosso entendimento e consideração. Partilha comigo os seus pensamentos, reflete sobre as nossas diferenças aceitando dialogar com ponderação, sem julgamentos nem atribuição de culpas, para encontrarmos uma forma saudável de percorrermos o nosso caminho respeitando-nos mutuamente. Só esta capacidade de comunicar, em que se abre na sua vulnerabilidade, no seu desejo, nas suas perplexidades e compreender as minhas nos permitirá conhecermo-nos progressivamente e aceitarmo-nos como realmente somos, sem fazermos o outro sentir-se em falta.
- Cuida bem de si.
Procura ser saudável, sem deixar de fruir do que gosta. Não fuma nem toma drogas. Bebe e come, percebendo que os excessos são a exceção e não a regra. Faz algum exercício físico do seu agrado (por ex., caminhadas) e zela pela sua segurança e a dos outros, não adotando comportamentos de risco. Vigia regularmente o seu estado de saúde. Tem resolvidas as questões da higiene e organização da roupa e da casa, das refeições de forma autónoma. Este cuidado de si próprio revela maturidade e afasta a visão de mim como uma empregada/mãe. É uma forma de me amar, pois o estar bem é condição necessária para apoiar os outros e dá-me felicidade vê-lo bem.
- É inteligente, criativo e tem sede de cultura.
Perante os problemas, sabe considerar diferentes perspetivas para encontrar uma solução. Não é ansioso, pois tem a noção de que a serenidade é fundamental para o equilíbrio do ser.
Fascina-me com as suas respostas criativas, para as dificuldades que lhe surgem e com a sua perspicácia sobre o que o rodeia. Não alinha em rebanhos ideológicos nem se deixa enganar com populismos políticos, que apresentam soluções simplórias para problemas difíceis.
Nutre-se com diversos tipos de arte e conhecimento. Adora partilhar idas a espetáculos, exposições, cinemas… e dialogar acerca do que foi sentido. Dança comigo, sobretudo em casa, não necessariamente as danças convencionais, mas antes através da sua expressão natural de movimento.
- É honesto e bondoso.
É uma pessoa de absoluta confiança, íntegra e isto é verdadeiramente essencial, sobretudo nas mais simples coisas da vida. Não mente, nem apresenta uma desculpa qualquer, nem promete, quando sabe que efetivamente não irá cumprir o que está a afirmar. Tem muito cuidado com as omissões, com o contar só o que dá jeito, pois é imprescindível que confie em mim, na minha capacidade de compreender e perdoar.
Gosta de ajudar o próximo, doando-se sem esperar nada em troca e sente felicidade nisso. É um cidadão atento ao mundo à sua volta, analisando e procurando intervir de forma responsável, dando o seu contributo para um mundo melhor.
Percebe que as diferenças são uma constante da vida e há maior riqueza na diversidade do que se tudo fosse idêntico. Não tem preconceitos relativamente a diferentes tipos de relacionamentos nem é racista, revelando integral respeito pela liberdade de cada um, sem o desconsiderar pelas suas diferentes opções.
- Respeita os nossos diferentes tempos.
Cultiva-se e frui no seu tempo individual e respeita também esse meu tempo. Tem absoluta confiança em mim relativamente à minha fidelidade, sabendo que tudo o que fizer com os meus amigos na sua ausência poderia ser também na sua presença. Sabe que não nos devemos asfixiar numa relação tóxica sem espaço para crescermos individualmente seguindo projetos pessoais, como na relação com os outros.
Procura estar comigo para nos ligarmos, através das nossas experiências de vida comuns. Esta simbiose é feita de cumplicidade, entreajuda, fruição, partilha, respeito… e será o elo que permitirá que a nossa relação seja sempre amorosa, mesmo e sobretudo nos momentos mais difíceis.
- Gosta de si e de mim.
Sente-se bem consigo próprio, pois põe-se todo em tudo o que faz, dando o seu melhor. Gosta do seu trabalho e é competente ao realizá-lo. Não é depressivo nem se lamenta constantemente, como se não tivesse em si o poder para determinar quais são as suas escolhas de vida. Está aberto à mudança, procurando encontrar respostas/soluções, quando já não se sente bem com as relações (familiares, trabalho, amigos…) que tem.
Quer conhecer-me e reserva tempo para isso. Interessa-se por mim, lendo-me, pois tudo o que publico é uma forma de me dar a conhecer. Procura saber como penso, quais os meus desejos mais secretos, o que e como me sinto …
Admira-me pela forma como eu, apesar de todos os problemas de saúde que tenho, sou enquanto filha, mãe, profissional, colega, mulher. É muito importante que me veja como mulher e não como anjo, pois quero sentir o seu desejo. Ele aceita que não sou perfeita e poderá até ter um papel importante no meu desenvolvimento intelectual e emocional questionando-me e/ou apontando-me percursos.
- Está preparado emocionalmente para namorar.
É uma pessoa que não apresenta crenças ou medos limitadores, nem está desconfiada ou traumatizada pelas dificuldades que passou nos relacionamentos anteriores. Tem consciência de que por mais difícil que seja uma relação, há sempre alguma coisa a aprender com ela, nem que seja sabermos o que não queremos mais. Percebe que não precisa de me submeter a testes nem de me manipular para ter a certeza de que sou sua. Conta-me por que razão as suas relações anteriores não resultaram, tendo a honestidade de olhar também para si próprio.
Não se satisfaz com amizades coloridas. Entrega-se progressiva e plenamente a mim e quer formar comigo uma família acolhendo a que cada um de nós já tem.
Está bem consigo próprio e é feliz. Apenas quer ampliar comigo a sua felicidade.
- É um ser lindo.
Considerando todo o seu ser, sei que é lindo, não por ser perfeito, mas por ser fascinante na sua essência e capaz de fazer acontecer o milagre de, com todas as nossas diferenças e semelhanças, sabermos amar-nos, sentindo falta um do outro, não por carência, mas por necessidade de nos saborearmos em todos os sentidos, gerando uma reação química absolutamente transcendente: uma conversa feita de olhares ou de palavras maravilhadas, uma chuva de carícias, um arrepio que é atração, aquela refeição feita a dois, um dia de trabalho partilhado, uma pequena caminhada à beira-mar ou no pinhal, uma dança (Ai!... Uma dança criada por nós!) …
