quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Estar contigo sem estar





Insisto e persisto neste meu voo
De estar contigo sem estar
Vou descrevendo os nossos encontros
Imaginando o calor dos teus lábios
E o sabor deles no meu peito.
Perco-me contigo entre laranjeiras
Misturando areia e espuma do mar
Mas tu ficas sempre ausente
Desfazes-te sem eu te tocar

Tu já me lês e de tal forma me vives
Que minhas palavras são já tuas
Bebe-las de tal modo simpático
Que te tornas irresistível a meus olhos
Porque, assim, deixo de te ver
Com todas as necessárias contingências
E passas a ser eu em ti e não tu

Esta realidade que eu crio e te envio
Esta realidade que brota de mim como um rio
E me expande como um desafio
Conduz-me para além de mim
Ultrapassa o razoável e espanta-me
Deixa-me vulnerável e mais adiante
Fico nisto tudo perdida
Soltando meu afeto encarcerado
Vendo o seu tom desmedido
Pois o meu bem-querer fica escancarado
Com se eu não quisesse amadurecer
E provar o quanto tu tens de único para dar

Como posso eu sentir-te sem te conhecer
Amar-te sem te ver
Dar-me sem te mexer
Sem respirar os teus medos e anseios
Sem nos partilharmos
Sem nos vivermos
É como se o que eu expresso
Não fosse dirigido a ti
Mas a um ser imaginário
E isso deixa-me inconformada

Talvez  uma dança à chuva me salve
Me faça despertar deste delírio constante
Me dê a graça de juntar tuas mãos às minhas
E nossos seres se envolvam em alegria abundante
Então, aí, eu libertarei o meu fascínio por ti
Meu bem concreto, com tuas virtudes e defeitos,
Do jeito que tu és
E não mais terei de te sonhar
Nem ficar tremendo
Ansiando a felicidade do nosso encontro

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